XVII Congress of the Brazilian Studies Association

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Configurações do deslocamento em A morte e o meteoro e O riso dos ratos, de Joca Reiners Terron

Sat, April 6, 9:00 to 10:45am, Aztec Student Union, Union 3 – Council Chambers

Abstract

No que diz respeito mais especificamente à ficção apocalíptica, o cronotopo da estrada adquire a condição de um “geossímbolo” que “permite não só inserir a história ou o roteiro em um espaço coerente, mas também estruturar um trajeto de vida com significado” (MUSSET, 2022, p. 164; trad. minha). Ao agirem ao mesmo tempo como alegoria e elemento estruturante da narrativa, a estrada e o deslocamento no espaço dão origem a uma rede complexa de associações simbólicas que dizem respeito não só às diferentes maneiras de conceber o fim, mas também à memória do passado, à possibilidade de ruptura e à visibilidade de contradições que caracterizam o presente. Meu objetivo nessa apresentação é discutir a maneira como essas questões se articulam na representação do deslocamento na ficção brasileira contemporânea, tomando como exemplos os romances A morte e o meteoro (2019) e O riso dos ratos (2021), de Joca Reiners Terron. Em ambas as obras, é através do deslocamento que se busca resgatar a memória de processos históricos cuja elaboração é percebida como condição inescapável para se imaginar o futuro, tarefa cuja urgência é enfatizada pela consumação do fim. A errância surge como imagem das construções simbólicas que dão forma à ideia de nação e às possibilidades do relato ficcional como forma de representação. O deslocamento pelo espaço torna-se também deslocamento pelo tempo, percorrendo territórios simbólicos sempre precários, cuja realidade e sentido continuam a ser disputados.

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