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A importância de produção jornalística de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934), publicada no jornal O Paiz, deriva, dentre outros motivos, do seu empenho na consolidação de um público leitor, especialmente feminino, com o qual ela dialoga explicitamente. Ao longo das décadas de sua colaboração no jornal, observa-se terem sido bem sucedidas suas tentativas de ampliação dos temas da escrita feminina, inicialmente restritos a aspectos como vida doméstica, sociabilidade e moda, passando depois a incluir temas mais explicitamente políticos e sociais, dentre os quais a urbanização da cidade do Rio de Janeiro, saúde pública, educação e voto feminino. A leitura de suas crônicas permite a um só tempo diagnosticar a amplitude e variedade dos interesses femininos e perceber o esforço necessário para conquistar e manter tal amplitude, sempre em luta contra limites tacitamente previstos por uma estrutura social patriarcal. Nesta comunicação, apresentaremos e analisaremos os temas e recursos expressivos da cronista, em diálogo com leitores e leitoras de seu tempo, dedicando atenção especialmente aos textos publicados entre 1906 e 1912, quando ela foi colaboradora semanal do periódico.