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Bernardina, Martiniana, Ponciana, Leôncio, bem como as crianças Raul, Deolinda e Florencia foram alguns dos escravizados que exerceram serviços domésticos nas grandes fazendas de café do Vale do Paraíba Fluminense, executando, respectivamente, as funções de engomadeira, mucama, serviços gerais e pajem. Tratava-se de três gerações da mesma família: mãe, filhos e netos. Assim como eles, havia milhares de escravizados, na maioria mulheres, que também desempenhavam atividades ligadas à manutenção da casa, à geração de riquezas e aos cuidados com as pessoas da família senhorial em casas-grandes da região. No oitocentos, com o enriquecimento da fração da classe senhorial ligada ao café, ocorreu a ascensão de um novo habitus social aburguesado, que se aproximava do ideal civilizatório europeu e estimulava o consumo conspícuo de mercadorias de luxo. Neste processo, houve uma valorização da etiqueta pelos membros da classe senhorial, que aumentaram suas exigências sobre os escravizados domésticos, obrigando-os a preparar banquetes, servir a mesa à francesa, lustrar a prataria, etc, a fim de atenderem às novas prerrogativas de refinamento vigentes. Essa comunicação pretende apresentar o perfil dos escravizados domésticos nas grandes plantations cafeeiras em termos de gênero, idade, procedência, função e composição familiar; demonstrar que o processo de aburguesamento do habitus tornou o trabalho dos escravizados domésticos mais especializado e racionalizado após 1850; mas que essa transformação contou com a resistência cotidiana dos escravizados e escravizadas ao aumento da carga e à precarização das condições de trabalho.