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Esta apresentação discutirá os discursos de afetividade e cuidado presentes em petições de tutela e soldada de crianças ingênuas (nascidas de ventre livre após 1871), libertas ou filhas de mulheres libertas e encaminhadas ao Juízo de Órfãos por proprietários e ex-proprietários de escravizados da cidade de São Paulo nos anos 1880. Pretende-se demonstrar como estes agentes instrumentalizaram os emergentes discursos aburguesados sobre a família e a infância – cuja compreensão como fase especial da vida, de grande importância para a renovação social e modernização nacional, disseminava-se no período – para pleitear o controle sobre trabalhadores criança e suas mães. Os peticionários de tutelas e soldadas, majoritariamente homens, membros de classes proprietárias remediadas ou abastadas, subscreviam e alimentavam representações racializadas e generificadas sobre os cuidados com a infância que contrastavam sua própria capacidade de acolher materialmente e orientar moralmente crianças negras à incapacidade de mulheres negra de proverem atenções adequadas aos próprios filhos. Não supreendentemente, o cotidiano das relações entre tutores e tutelados, contratantes e contratados demonstrava que tais predicações se desfaziam diante da continuidade de práticas enraizadas de exploração e violência cometidas contra crianças negras trabalhadoras.