XVII Congress of the Brazilian Studies Association

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Novidade literária e feminismo nascente em Eles e elas, de Júlia Lopes de Almeida

Fri, April 5, 4:00 to 5:45pm, Aztec Student Union, Union 3 – Presidental Suite

Abstract

A comunicação aborda as crônicas ficcionais de Eles e elas (1910), de Júlia Lopes de Almeida, considerando a relação entre literatura e jornalismo na virada do século no Brasil. Almeida recolheu nessa coletânea textos em gênero inovador para a literatura brasileira do período, que foram publicados por ela, na primeira página do jornal O Paiz, entre 1906 e 1910. De acordo com os estudos de Marie-Ève Thérenty, a relação entre jornalismo e literatura era fundamental no século 19, sobretudo na França, cuja imprensa era o modelo mundial de então. Embora houvesse uma relação indissociável entre poéticas jornalísticas e poéticas literárias na Belle Époque brasileira e internacional, o livro Eles e elas, de Júlia Lopes de Almeida, sofreu a desclassificação de um concurso da Academia Brasileira de Letras, sob o pretexto de que o seu gênero era o de crônica jornalística. Essa reserva contra o gênero textual de Eles e elas, no fundo, apontava para uma limitação de outro tipo. Tratava-se de uma punição imposta contra os desvios que as escritoras brasileiras do oitocentos e do início do novecentos apresentavam em relação às convenções da performance de gêneros. Dessa forma, a pesquisa apresenta reflexões sobre como as crônicas de Eles e elas foram pioneiras tanto do ponto de vista estético, quanto político. A coletânea é composta por crônicas ficcionais fluidas que apresentaram novidades às poéticas literária e jornalística, bem como desafios contra a desigualdade de gênero de seu tempo histórico.

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