XVII Congress of the Brazilian Studies Association

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A Amefricanidade das Vozes Ancestrais na Literatura Brasileira

Sat, April 6, 9:00 to 10:45am, Aztec Student Union, Union 2 – Aztlan

Abstract

“Os ancestrais fazem de mim seu instrumento/Minha voz não é minha é voz dos ancestrais/ Meus gestos não são meus são gestos dos ancestrais” (ASSUMPÇÃO, 2020, p. 95). Quem vê um monumento não vê seus alicerces, mas sabe que tão grande construção deve se pautar em igualmente grandes e fortes estruturas que servem de amparo ao seu levante. A Literatura Brasileira Contemporânea cada vez mais extravasa o indivíduo e expõe um lugar da experiência que ultrapassa o ato e o momento da escrita. A virada contemporânea expôs novas vozes e trouxe consigo representantes de grupos historicamente silenciados através de mecanismos sociopolítico-culturais assumindo seu protagonismo e produzindo testemunhos de suas vivências e recontando suas histórias. Nas palavras de Carlos de Assumpção (2020): “Há muitas histórias sobre os meus avós que a História não faz questão de contar” (ASSUMPÇÃO, 2020, p. 47). O diálogo entre gerações é a ponte da memória coletiva que permite contar histórias hoje para mover um futuro consciente dos processos estruturantes da realidade em que se insere o indivíduo. Construir um letramento social e racial através da literatura depende também de reconstruir vínculos com as vozes ancestrais que formam um fazer literário e poético forjado em uma experiência de Amefricanidade. Esse conceito, cunhado por Lélia Gonzalez (1988), “permite ultrapassar as limitações de caráter territorial, linguístico e ideológico, abrindo novas perspectivas para um entendimento mais profundo dessa parte do mundo onde ela se manifesta: a AMÉRICA como um todo (Sul, Central, Norte e insular)”. Pensar essa Amefricanidade implica reconhecer os processos e dinâmicas histórico-culturais de adaptação e resistência que construíram as noções de identidade étnica. Partindo de autoras e autores como Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves, e Carlos de Assumpção, o presente trabalho pretende discutir como a ancestralidade funciona como o elã dessa identidade étnica pautada em uma experiência de Amefricanidade que permeia a formação de uma nova e verdadeira literatura brasileira.

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