XVII Congress of the Brazilian Studies Association

Individual Submission Summary
Share...

Direct link:

“Tom Zé e o disco conceitual Língua Brasileira”

Wed, April 3, 9:00 to 10:45am, Aztec Student Union, Union 3 – Visionary Suite

Abstract

Uma das características marcantes da carreira de Tom Zé é sua tendência para o desenvolvimento de “discos de tese” com base em assuntos e temas específicos. Os discos da fase tardia de Tom Zé são ambiciosos em seu alcance, pois o artista se situa como um intérprete do Brasil, uma tradição tipicamente associada a intelectuais canônicos como Euclides da Cunha, Manoel Bomfim, Paulo Prado, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Hollanda e Caio Prado Jr. Tropicália Lixo Lógico (2012), por exemplo, é um disco dedicado à sua leitura da Tropicália, movimento cultural dos anos 1960 do qual participou, como um choque entre a lógica aristotélica ocidental e uma cultura popular moçárabe herdada da Ibéria medieval. Essa virada para interpretações de nível macro culminou em 2022 com Língua Brasileira, um disco que pondera os legados do colonialismo, escravidão e genocídio, bem como uma miríade de formas de resistência e invenção que forjaram a modernidade no Brasil. O disco foi o fruto de uma colaboração com o diretor teatral Felipe Hirsch que se inspirou inicialmente na canção “Língua Brasileira” (2003) de Tom Zé. Tom Zé compôs mais onze canções e decidiu criar um disco para coincidir com a produção teatral, encenada em janeiro de 2022. De certa forma, pode ser analizado junto com Tropicália Lixo Lógico com sua interpretação transhistórica da cultura brasileira que tece novas conexões inusitadas através do tempo e do espaço. Minha apresentação abordará Tom Zé como intérprete do Brasil dentro da tradição moderna brasileira através de uma reflexão sobre Língua Brasileira, seu disco mais recente.

Author