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Não é novidade que, nos últimos anos, intensificaram-se as investigações sobre o futuro. A possibilidade de extinção da espécie humana, muitas vezes considerada como o fim do mundo, tem aguçado os mais diversos campos das ciências humanas e inumanas em busca de saídas que impeçam essa catástrofe. No entanto, nos interessa observar, para além de uma possível preservação da vida humana, as vidas que, a despeito de qualquer fim, já comungam de outros contornos, descentrados, como diria Castiel Vitorino (2022), « das subjetividades brancas, já que o mundo que conhecemos é a infraestrutura da vida branca". A partir dessa provocação é que se estabelece, neste trabalho, um entrelaçamento com o texto de Camila Sosa Villada, como uma das possibilidades de reaver uma tecnologia ancestral anunciada pela figura central da narrativa, Tia Encarna, de 178 anos, como futuridade travesti, termo ensaiado a partir do texto Não vão nos matar agora, de Jota Mombaça. Talvez, e só talvez, estejamos precisando retroagir, porque, assim como anuncia Ailton Krenak, o futuro é ancestral. Como assinala algumas vozes do pós-humanismo crítico, há, no futuro, uma promessa de tempo que não cessa de se anunciar, ao provocar uma prospecção para o infinito do mundo, todavia, o futuro não está a nossa frente, é preciso voltar atrás para vê-lo.