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A poesia brasileira convive com o termo pluralidade há décadas. Ele foi uma espécie de síntese a nortear a vida literária e cultural quando da volta à democracia, nos anos 1980. Duas conferências dessa época apontam para tal tendência: uma foi proferida por Silviano Santiago, sob o título "A permanência do discurso da tradição no modernismo". A outra, “Poesia e modernidade: da morte da arte à constelação – O poema pós-utópico”, foi ministrada por Haroldo de Campos numa homenagem a Octavio Paz. Embora partam de perspectivas distintas, ambas influenciariam as produções poéticas e críticas dali em diante.
Nos usos do termo pluralidade, porém, como aponta Marcos Siscar em De volta ao fim (2016), haveria uma espécie de ponto cego recalcando um desejo não realizado: a superação absoluta de qualquer resquício vanguardista.
A discussão levantada por Siscar alavanca a necessidade de redefinição do conceito que tem na vanguarda seu par dialético: tradição. Isso se faria, no caso da poesia brasileira, pela atenção dispensada a práticas culturais de matriz não ocidental/eurocentrada que se distinguem pelo manejo da oralidade, como tem defendido o poeta e crítico Edimilson de Almeida Pereira. Em boa parte de sua produção, Pereira incorpora manifestações da tradição oral negro–brasileira como caminho para uma experimentação poética radical.
Desejo reler o conceito de pluralidade em Campos e Santiago à luz de um novo entendimento da noção de tradição, que ao ser encarada a partir de uma matriz não eurocêntrica coloca a oralidade como o fator capaz de reconfigurar todo um ‘campo de forças’ conceitual.