Search
Browse By Day
Browse By Person
Search Tips
Personal Schedule
Change Preferences / Time Zone
Entre 1975 e 2015, o cineasta brasileiro Eduardo Coutinho dedicou atenção quase total a um único recurso expressivo: a fala. Dos primeiros documentários para o programa Globo Repórter, ao lançamento nos cinemas brasileiros do longa-metragem póstumo Últimas Conversas, finalizado por Jordana Berg e João Moreira Salles, Coutinho criou mais do que um glossário de expressões ou inflexões verbais. Seu cinema sugere um outro potencial para a oralidade além do texto ou testemunho, fazendo, da palavra, o palco onde se manifesta a expressão dramática produzida pelo encontro de sua câmera e um corpo que fala. Essa fala, no entanto, não é uma fala qualquer: na maioria de seus filmes de conversa, Coutinho registrou personagens ligadas às classes populares - personagens que encontram, naquela interação, um convite à expressão dramática. Esta apresentação propõe uma leitura transdisciplinar do cinema documentário de Coutinho, partindo de sua abordagem minimalista do aparato cinematográfico como forma de potencializar a fala das personagens, reverberando e aprofundando a pesquisa etnográfica que marca a poética do modernismo literário brasileiro e a música popular.