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O Brasil é um país que foi ensinado pelas elites a pensar seu passado escondendo ou diminuindo o seu povo. Isso tem como consequência a falta de identificação que boa parte da população brasileira tem com a história ensinada nas escolas e por meio da maioria dos monumentos cívicos. Ocorre que esse mesmo povo subdimensionado tem estabelecido meios para confrontar essa matriz de esquecimento. As lutas permanentes por direito à memória são um forte sintoma de que as pessoas têm repertório suficiente, ou tem se empenhado para tal, a fim de demandar uma história mais abrangente, em que haja espaço para reconhecer a presença de gente indígena, negra, LGBTQIA+, mulheres, etc. para além da chave do coadjuvante da narrativa fixada na figura de homens brancos, cis/ heteronormativos e concentradores de renda. Se acompanharmos o crescimento dos arquivos comunitários nos últimos anos, perceberemos que há ali uma manifesta insatisfação diante dos limites estabelecidos para os arquivos públicos. A prevalência da documentação dos órgãos da administração pública gera entre grupos mobilizados por essa agenda a ideia de que ali só se encontram fontes para a escrita da chamada história oficial. O exercício da leitura a contrapelo faz com que isso seja apenas uma meia verdade. Iguais e diferentes, arquivos públicos e comunitários, com efeito, têm sido disputados e postos a operar como instrumentos para a promoção de cidadania. Nesta comunicação, apresento uma reflexão acerca das possibilidades de articulação entre esses dois segmentos, à luz dos debates sobre patrimonialização do antirracismo e desmonumentalização do racismo.