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Deslocamentos para a órbita: rastreamentos, punição e servidão maquínica no sistema penal brasileiro

Sat, May 26, 5:45 to 7:15pm, TBA

Abstract

Constelações de satélites conectam-se a corpos condenados na composição de novos dispositivos punitivos. Do corpo confinado no interior do edifício carcerário passa-se ao corpo rastreado pelo Sistema de Posicionamento Global (GPS), redimensionando-se a capacidade de controle penal do Estado, agora em parceria com agentes privados transnacionais. Nesta comunicação, apresentamos alguns apontamentos sobre a utilização de tecnologias espaço-siderais no monitoramento de indivíduos considerados criminosos no Brasil por meio da utilização de tornozeleiras eletrônicas rastreadas via satélite. Analisamos as implicações do uso de tecnologias GPS pelo sistema penal brasileiro, ressaltando a importância dos investimentos tecnológicos na ocupação da órbita terrestre para a configuração das relações de poder a céu aberto, próprias às sociedades de controle. Para isso, são mobilizados dados coletados a partir de experiências etnográficas, entrevistas e pesquisa documental. Pretende-se destacar como a conexão entre corpos e máquinas têm por efeito a expansão de regimes de servidão maquínica e a configuração de ambientes propícios para o governo dos viventes e das coisas, tal como pretende a racionalidade neoliberal. Tecemos esta problematização a partir da noção de cyborg, contextualizando sua emergência durante a Guerra Fria como alternativa que propunha o uso de tecnologias para modificar os corpos humanos a fim de adaptá-los à inospitalidade do ambiente espacial. Dos satélites instalados na órbita terrestre ao artefato punitivo conectado ao corpo penalizado, atualmente, os sistemas planetários de monitoramento reconfiguram exercícios de poder por meio da conformação de elementos híbridos constituídos pelo acoplamento entre o orgânico e o inorgânico.

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