XVII Congress of the Brazilian Studies Association

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O hibridismo cultural em "Americanas" de Machado de Assis

Thu, April 4, 4:00 to 5:45pm, Aztec Student Union, Union 1 – Student Lounge

Abstract

"Americanas", publicado pela primeira vez em 1875, é a única coletânea de poemas de Machado de Assis que tem como foco quase exclusivamente a questão indígena. Escrita depois do estrondo do indianismo na literatura brasileira, "Americanas" representa a curiosidade que Machado tinha pelo papel da cultura indígena na criação de uma literatura brasileira. Indigenista num sentido controvertido, Machado não acreditava que as culturas indígenas pudessem esteticamente satisfazer, sozinhas, todas as necessidades da literatura brasileira crescente, mas também não eliminava o papel literário dos costumes indígenas no Brasil por completo. Na advertência da primeira publicação de "Americanas", Machado supõe que a cultura indígena é menos “polida”, e, assim, os poemas que partem desta introdução parecem executar este suposto polimento estético em seu mundo indígena. Em Americanas, o núcleo das histórias relatadas em “Potira”, “Niâni” e “Última Jornada” é baseado em suposições literárias ocidentais – em parte, do amor cortês e da tragédia –, o que cria uma literatura que mistura poeticamente o brasileiro ocidental com o brasileiro indígena. Embora este projeto possa parecer reducionista por unir duas identidades culturais complexas como se fossem individualmente homogêneas, especialmente à luz das teorias culturais contemporâneas mais matizadas sobre a hibridez, como a de Stuart Hall, entende-se que a beleza poética – e o significado político – do hibridismo em Americanas se encontra no fato de que Machado não somente pretende afinar o indígena com o ocidental, como também pretende polir o ocidental com o indígena. "Americanas" reforça que o Brasil, para Machado, é muito mais do que sua herança europeia.

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