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Capital imobiliário-financeiro no Porto Maravilha: agentes da reestruturação

Sat, April 29, 2:00 to 3:45pm, TBA

Abstract

A produção do espaço urbano vem se tornando uma nova forma de acumulação capitalista, no qual agentes imobiliários por meio dos mecanismos contemporâneos de financeirização da produção imobiliária realizam a apropriação privada dos espaços públicos. As transformações urbanas que tem ocorrido na zona portuária do Rio de Janeiro no âmbito do projeto Porto Maravilha inserem-se nesse contexto, suscitando a investigação acerca dos impactos que essa lógica de acumulação ocasiona.
O objetivo da pesquisa é investigar a estratégia dos agentes do capital imobiliário-financeiro na apropriação da zona portuária, procurando identificar as origens dos capitais e dos promotores imobiliários; e, como esses inserem uma parte degradada da cidade em um fluxo mundial de investimentos. Para tal, partimos da reflexão teórica sobre a lógica de acumulação de capital através do urbano (HARVEY, 2014; LENCIONI, 2008; PEREIRA, 2006), associada à análise dos agentes imobiliários a partir dos empreendimentos de grande porte na área central do Rio de Janeiro.
O perfil dos promotores imobiliários envolvidos indica uma mudança na estratégia dos capitais que produzem a incorporação do urbano ao processo de circulação de capital no ambiente construído - o que passa pela financeirização. O espaço urbano é instrumentalizado em função de seu potencial de especulação e lucro, tornando-se uma forma de sobrevida de um capitalismo onde o próprio espaço é a mercadoria.
Com expressivo protagonismo de construtoras e fundos de investimentos internacionais, o projeto Porto Maravilha ainda não foi capaz de dar vida urbana à zona portuária. A cooptação da administração local pelos interesses do capital deixam como legado edifícios de uso exclusivamente corporativos, sem que sejam capazes de produzir uma urbanidade que incorpore a diversidade e a democracia urbana.
Considera-se até o momento que o tipo de cidade que se tem produzido na zona portuária é a cidade do capital em detrimento da cidade do trabalho, a cidade da especulação em detrimento da cidade da produção. Com isso, o aspecto segregador da estrutura urbana carioca é acentuado, deixando a população local ainda mais distante do direito à cidade.

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